quarta-feira, 21 de maio de 2008

Palavras ao vento

"Ou melhor:um silêncio pode servir para excluir certas
palavras ou mesmo mantê-las de reserva para serem
usadas numa ocasião melhor. Dessa forma uma
palavra dita agora pode economizar cem amanhã
ou talvez obrigar-nos a dizer outras mil. "Cada vez que
mordo a língua", conclui mentalmente o senhor Palomar,
"devo pensar não apenas que estou para dizer
mas tudo o que se digo ou não digo será dito ou não
dito por mim ou pelos outros".Formulando esse
pensamento morde a língua e permanece em silêncio."
(CALVINO,Italo.Palomar. Companhia das Letras,1994.
1ªed.[Palomar,1983]. Trdução:Ivo Bravo)

Lendo esse trecho hoje pela manhã, me dei conta
de quntas palavras disperdiço a troco de nada.
A medida que o tempo passa vejo o quanto perdi
a chance de me deliciar com o sons das palavras ditas
por outras vozes. De talvez tentar ouvir mais além do que
a semântica de cada uma delas quiz me dizer esse tempo todo.
Creio que se disperdiça muito de si, quando não se entende
o que de fato a voz do que há de mais profundo nos outros
não é compreendido.
É evidente que não prestamos atenção, nos gestos , nos olhares...
Pois sempre estamos um passo a frete, tentando formular
respostas ou mais questionamentos. Não se aproveita
o simplicidade de um um sentimento ou de um pensamento,
não se aproveita as tonalidades...ou simplismente não
se aproveita a singela música do silêncio.
Hoje percebi, que jogar palavras ao vento, se
torna em esvaziamento constante do se tem pra
oferecer.

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